PEDRO MATIAS: A Cúpula dos Insanos

Por Sem Comentarios
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Inicio confessando a você, caro leitor (a), que o título que dei ao presente escrito não é o que vos foi apresentado, porém, resolvi podar minhas palavras para não escandalizá-los. De toda forma, considero que o presente título, apesar de ser um pouco leve para definir o conteúdo que trago na conversa desta semana, irá agradá-los, afinal, já dizia o Ministro Marco Aurélio Mello, “há de se observar a liturgia”.

Na última, sexta-feira, 22 de maio, o Brasil foi surpreendido com dois eventos de gigantesca significância: o primeiro, a divulgação da chamada “Nota à Nação Brasileira”, e o segundo a liberação autorizada pelo Ministro Celso de Mello, do vídeo da reunião ministerial, gravada em 22 de abril de 2020, que o ex-ministro Sérgio Moro, tomou como prova (?) para confirmar a intervenção do Presidente Jair Bolsonaro na Policia Federal, a fim de livrar seus filhos de uma possível incriminação pela existência de inquéritos em andamento.

Embora, sejam eventos distintos, os dois possuem uma ligação embrionária. A “Nota à Nação Brasileira” foi redigida pelo General Augusto Heleno, Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, há quem o chame de pitbull do Presidente, deixo a critério do leitor concordar ou discordar do adjetivo. Nesta carta, Seu Heleno - há de se manter o respeito pela idade do General - condena a possibilidade do celular de Jair Bolsonaro ser apreendido, e profere ameaças contra o STF quando fala de “interferência inadmissível” e “consequências imprevisíveis”, frise-se que foram ameaças de golpe.

É importante lembrar ao leitor, que estes fatos ocorreram após o Ministro do STF, Celso de Mello, encaminhar à Procuradoria Geral da República, três notícias-crime apresentadas contra o Presidente da República, contendo em uma delas o pedido de apreensão do celular de Jair Bolsonaro e do seu filho Carlos Bolsonaro, o famoso 02.

A tarde da sexta-feira prometia ser ainda mais animada, pois era o prazo final que, o Ministro Celso de Mello, tinha para decidir se divulgaria na íntegra ou não o vídeo da reunião ministerial, de 22 de abril de 2020, em que Sérgio Moro afirmou que seria a comprovação da interferência de Bolsonaro na PF.

Bingo! O vídeo foi divulgado em sua quase totalidade, o STF cortou apenas trechos muito curtos de citação a outros países, entretanto, de nada atrapalhou a compreensão do conteúdo da filmagem. Para quem não assistiu ao vídeo, recomendo que o faça, ou então, pouco entenderá o sentido deste texto, mas em suma, a gravação e divulgação do conteúdo foi um verdadeiro filme de pornografia em rede nacional, e ainda mais, no horário nobre da TV aberta.

O que deveria ser uma reunião equilibrada da mais alta cúpula do Poder Executivo Federal, transformou-se em um show de insanidade, e não me refiro aos palavrões utilizados por alguns ministros e pelo Presidente. Para pessoas de olhar restrito guiadas pela moral de rebanho – conceituada por Nietzsche -, os insultos foram o maior problema daquele ajuntamento.

Mas gostaria de apresentar outros, que sem sombra de dúvidas fogem de um moralismo barato. De início, salientar o desrespeito e desprezo generalizado aos governadores (as) e prefeitos (as) desse país, com falas do tipo “esse bosta desse governador”, “esse estrume”. De longe, não são as mais preocupantes, no espetáculo de horrores ainda teve Ministro, falando em “prender os vagabundos do Supremo” e Ministra dizendo: “vamos pedir as prisões de prefeitos e governadores”.

O baixo calão da cúpula do governo para com o povo brasileiro ainda prossegue, desta feita com a afirmação do Ministro Paulo Guedes: “nós já botamos a granada no bolso do inimigo, dois anos sem aumento de salário”, se referindo a proposta de congelamento de salários que foi aprovada no Senado para servidores públicos, a partir disso deixo a indagação; o servidor público é inimigo desse governo? Pelo jeito sim. Na cota, do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o importante é aproveitar a pandemia para “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, ao se referir às reformas infralegais.

Insanidade é o que sintetiza bem a cúpula deste Governo, de um lado ameaças contra a Ordem Democrática, de outro a incompetência misturada com o desprezo aos limites da legalidade, e nada, absolutamente nada de discussões acerca do enfrentamento à pandemia do coronavírus, assunto que deveria ser pauta geral e constante do governo.

Enquanto o Titanic naufraga, os violinistas continuam tocando para seu público.



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