COLUNA PEDRO: Um Plano para reconstruir o Brasil

Por Sem Comentarios
Facebook Whatsapp
ESTE ARTIGO É MERAMENTE OPINIÃO DE SEU REDATOR
CONFIRA MAIS ARTIGOS COMO ESTE CLICANDO AQUI
A pandemia causada pelo covid-19 – infelizmente - pegou o Brasil de “calça curta”. Acredito que essa afirmação é aceita por boa parte da população brasileira (ao menos a parte que não acredita no terraplanismo), mas não faço isso jogando para a torcida, não faz meu estilo, trago a afirmação, pois de maneira flagrante o país além de estar à deriva, passa por um processo de desmonte, sucateamento e ampliação exponencial das mazelas que foram herdadas do Brasil colônia.

O Brasil de cara possui quatro grandes problemas causados ou aprofundados pela pandemia: retração econômica, queda da produção industrial, possível variação dos índices de pobreza (principalmente sem o auxílio emergencial) e o famoso déficit fiscal. 

É bem verdade que a retração econômica no meio de uma pandemia nos moldes da que vivemos é algo praticamente impossível de evitar. Grandes centros do mercado internacional, como a União Européia, já se programam para socorrer e estabelecer medidas de reconstrução dos seus países, recentemente, a Comissão Européia aprovou um pacote de 750 billhões de euros que serão destinados aos Estados-membro e principalmente os do sul europeu, que foram mais afetados pela pandemia, e orbitam na periferia do bloco. 

A queda da produção industrial, o aumento do desemprego e consequentemente da pobreza, são outros fatores que estão diretamente interligados com o agravamento da recessão econômica, mas, e agora, quem poderá nos defender (espero que tenha pegado a referência)? Sim, o Estado. Se você é liberal, recomendo que prepare seu psicológico para enfrentar o restante deste texto, pois, de fato, Adam Smith irá se tremer no túmulo. 

Sempre gostei de destacar uma coisa que qualquer curioso em administração pública deve saber, e que é muito destacado pelos liberais, é a tal da responsabilidade fiscal. Não acredito em gestão sustentável se for administrada irresponsavelmente. Para se estabelecer projetos e políticas públicas de Estado, que visem à redução da desigualdade, desemprego, pobreza e demais mazelas presentes em nossa sociedade, faz-se definitivamente necessário que a máquina pública seja governada com responsabilidade fiscal, afinal, o contrário disso só tem um destino: a quebradeira. 

Ocorre que a situação do Brasil hoje não é de normalidade administrativa, muito menos financeira, a presença efetiva do Estado na economia faz-se mais necessária do que nunca, inclusive revogando a famosa EC n°95, que estabeleceu o teto de gastos. Estamos no auge de uma pandemia que ameaça retrair a economia em 5,2 % (apenas esse ano) segundo a Cepal, que já ceifou empresas em todo o país, e que pode colocar até 14 milhões de brasileiros na pobreza, conforme estimativa do Instituto Mundial das Nações Unidas para a Pesquisa Econômica do Desenvolvimento (UNU-WIDER), e flagrantemente esse tipo de problema tem maior resolutividade com o Estado aplicando medidas de correção de desigualdades e subsídios para fomentar a retomada econômica, inclusive se endividando caso haja necessidade.

Mas o nosso quadro é de caos ao quadrado, além de enfrentarmos o coronavírus, possuímos um governo inoperante e incompetente, a prova disso é que no meio da pandemia não tem um Ministro da Saúde, é, realmente é difícil de acreditar, mas é a nossa realidade.

Com mais de 50 mil mortes causadas pelo covid-19, pasmem, em pouco mais de três meses da primeira, o Brasil inaugura o seu assento de país em segundo lugar no Mundo com maior número de infectados e vítimas, se aproximando ainda mais dos Estados Unidos, governado por outro tresloucado que representa o que há de pior em termos políticos e ideológicos, mas que ao menos tem mudado o tom no que diz respeito ao combate à pandemia, inclusive tecendo duras críticas ao seu vassalo, o atual Presidente do Brasil.

Para piorar o show de horrores, a imagem do Brasil na comunidade internacional a cada dia piora, a mais recente façanha do governo foi ampliar os índices de desmatamento da Amazônia, e provocar um grupo de investidores internacionais - juntos controlam cerca de 3,7 trilhões de dólares - a ameaçar retirar parte de seus investimentos do Brasil caso a Amazônia continue sendo desmatada, pois é, a conta é simples, menos investimento, mais retração econômica. 

Se seguíssemos aqui a ótica liberal, entregar o país na mão oculta do mercado seria a solução, ou seja, o deus Mercado resolveria todas as nossas mazelas, a desigualdade social, os índices de pobreza, infectados e de mortes, mas não, o mercado não é a solução, o Brasil precisa de um plano para reconstruir tudo que está sendo perdido pela pandemia, e agravado por um Governo amador, que já provou estar à deriva sendo açoitado pelos ventos e ondas da pandemia. 

Porém, uma coisa precisa ser destacada, na contramão do exemplo que outros países – como a Argentina – estão dando, o Brasil não possui plano para o pós-pandemia, para a retomada da economia, fomento da geração de emprego e renda, redução da pobreza e desigualdade social e aquecimento da atividade industrial. Os diferentes grupos e interesses que orbitam no entorno do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios batem cabeça entre si, e o país continua perdido. 

Caberá a oposição de esquerda formular este plano? Pelo visto sim e isso é muito bom, já que o chamado centro-democrático (a direita que não se declara direita) comunga da mesma pauta econômica aplicada pelo Governo Temer e aprofundada por Bolsonaro, que jogou o país na bancarrota. 

O desafio das forças progressistas é apresentar um Plano de Nação que modernize a máquina administrativa e apresente saídas para a reconstrução de tudo que foi perdido de 2016 para cá. 

Está na hora de arregaçar as mangas, há muito trabalho para remediar o câncer neoliberal.

0 comentários

COMENTE VOCÊ TAMBÉM: