o que disse Eduardo Cunha dos paraibanos no livro ‘Tchau, querida’

Por Sem Comentarios
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Políticos da Paraíba foram mencionados em diversos momentos pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em seu livro ‘Tchau, querida – o diário do impeachment’, lançado no último fim de semana e que conta os bastidores do processo que culminou com o afastamento de Dilma Rousseff.

No livro, Cunha narra episódios que ocorreram bem antes do impeachment, mas que contribuíram para o esgarçamento da crise política e para o desfecho que o Brasil inteiro conhece. Conforme a reportagem do Polêmica Paraíba mostrou em primeira mão, um dos personagens lembrados é o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), aliado ao governo petista.


Ricardo Coutinho

Eduardo Cunha lembrou da viagem à Paraíba durante o programa ‘Câmara Itinerante’, quando foi recebido por protestos de manifestantes de esquerda. Segundo ele, o episódio foi organizado pelo então governador Ricardo Coutinho, a quem teceu críticas.

“No dia 10, em João Pessoa, sofri uma forte contestação orquestrada pelo PT e pelo governador Ricardo Coutinho, do PSB. Puseram manifestantes dentro da Assembleia e impediram a Polícia Militar de dar segurança ao evento, deixando vulnerável toda a delegação da Câmara. Ataquei fortemente o PT e o governador, sendo que a vice-governadora, que estava presente, ficou sem ter condições de segurança e foi desrespeitada pelo seu próprio governo”, contou.

Ainda sobre o episódio, Cunha diz ter ligado para o então vice-presidente, Michel Temer, e demonstrado insatisfação, o que viria a ser o prenúncio de rompimento total com Rousseff. Na ocasião, Temer ainda não havia abraçado o impeachment de forma clara e decisiva, e ainda tentava uma “alternativa” para a crise.

“Disse que daquele jeito não poderiam mais contar comigo, pois não adiantava me pedir trégua e ajuda e, em seguida, mandarem me atacar. Falei ainda que se o PT era adversário e o governo era do PT, estando por trás disso, eu trataria o governo como mais adversário ainda. Temer ficou muito preocupado com a repercussão, até porque ele estava no exercício da Presidência da República – Dilma tinha viajado –, e isso passaria a ser uma crise se não fosse contornada”, relembrou.

Após a publicação do livro, Ricardo Coutinho se manifestou por meio das redes sociais, alegando que não poderia enviar a PM para adentrar no prédio de outro Poder, e acusou Cunha de compartilhar ‘fake news’.


Manoel Júnior 

Também no livro, Eduardo Cunha conta episódio em que o ex-deputado federal e atual prefeito de Pedras de Fogo, Manoel Júnior, quase foi nomeado para o Ministério da Saúde pela então presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a nomeação foi barrada por Ricardo Coutinho, adversário de Júnior.

Cunha lembra que, quando enfrentava processo no Conselho de Ética da Câmara, o paraibano ingressou com um recurso para que o deputado Fausto Pinato fosse destituído da relatoria do processo, o que acabou se concretizando.


Aguinaldo Ribeiro

O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) é citado como ‘Agnaldo’ por Eduardo Cunha, no livro. Dentre as lembranças, a de que o paraibano se opôs à nomeação de Rodrigo Maia como líder do governo Temer no início da gestão emedebista no Palácio do Planalto, após o impeachment. “Agnaldo Ribeiro depois viria a ser o grande aliado de Maia’, diz Cunha.

Em outro trecho, Cunha afirma que Ribeiro não teve o apoio do PP quando foi ministro do Governo Dilma devido à atuação do paraibano em relação às obras orçamentárias de 2013, “que só beneficiou seus interesses, em detrimento do partido”, apontou.


Hugo Motta

Outro paraibano mencionado é Hugo Motta, que disputou a liderança do MDB na Câmara em meio ao clima de impeachment. Segundo Cunha, a derrota do paraibano na disputa interna do partido foi também a única vitória de Dilma Rousseff sobre ele na Câmara dos Deputados.


Cássio Cunha Lima

O ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) é mencionado, mas não em relação ao impeachment. No material, Cunha lembra que o paraibano foi o relator da Medida Provisória 608, relacionada a bancos, e acatou uma emenda sugerida pelo emedebista na ocasião.

Segundo Cunha, a emenda acatada pelo senador paraibano, que impedia o aproveitamento de créditos de bancos em liquidação, era a prova de que Cunha não se beneficiara com a medida, como afirmara uma acusação do Ministério Público Federal (MPF).


Deputados federais paraibanos

O posicionamento de parlamentares paraibanos no impeachment também foi destaque na obra, que relata os bastidores da crise, as pressões e os interesses de parlamentares contrários e a favor do Governo Dilma, bem como os bastidores e as reuniões entre os diferentes atores políticos nacionais.

Os paraibanos tiveram um papel de destaque no enredo da crise, já que, segundo Cunha, foi a partir dos votos deles que houve a sensação de que o processo era ‘irreversível’ e iniciou-se a contagem regressiva para o placar final que marcaria a derrocada do PT da Presidência da República.


Os votos

Conforme conta no livro, Cunha tinha a ideia de que seria o voto de um dos deputados paraibanos que alcançaria a marca de 342, número necessário para a abertura do impeachment, o que consagraria o afastamento. Mas não foi exatamente este o roteiro. Faltavam 14 votos para se atingir os 342 votos, quando os paraibanos começaram a votar. Ele relembrou o voto de cada um.

“Aguinaldo Ribeiro (PP): sim; Benjamin Maranhão (SD): sim; Damião Feliciano (PDT): não; Efraim Filho (DEM): sim; Hugo Motta (PMDB): sim; Luiz Couto (PT): não; Manoel Junior (PMDB): sim; Pedro Cunha Lima (PSDB): sim; Rômulo Gouveia (PR): sim; Veneziano Vital do Rêgo (PMDB): sim; Wellington Roberto (PR): não; e Wilson Filho (PTB): sim. Nove a três a favor do impeachment”, disse.


As reações

Após os votos dos paraibanos, segundo Cunha, “A festa já tomava conta do plenário. Músicas eram cantadas e havia muita expectativa pelo voto decisivo. Deputados que haviam saído após terem votado retornaram para assistir ao desfecho. Muitos levaram esposa e filhos para o plenário. Era difícil conter o ímpeto dos parlamentares”, relatou.

O voto decisivo foi do então deputado Bruno Araújo (PSDB), de Pernambuco, que foi escolhido nos bastidores para ser o voto de número 342.

“Assim, às 23h07, depois de 11 horas da sessão, Bruno Araújo iria proferir o voto. Ele silenciou o plenário, fez a declaração de maneira calma e longa, sem interrupção. Sim. O plenário e o país explodiram. Era o voto 342 – que definia a admissibilidade do pedido de impeachment por crime de responsabilidade de Dilma Rousseff”, contou.




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